segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Para leitura em tempos de férias...

O Projeto Olimpíada de Língua Portuguesa ocorre de dois em dois anos, parceria entre o Instituto Itaú Social e Ministério da Educação, promove a prática da produção escrita através do estudo de gêneros textuais. 

O tema de trabalho é sempre "O lugar onde eu vivo". Incentivo a pensar o próprio espaço e sua atuação neste. 

Partilho aqui um trabalho desenvolvido nas oficinas ministradas para o gênero "Crônica", no ano de 2016.

Olimpíada de Língua Portuguesa - Tema: O Lugar onde eu vivo


Aula de caminho

Profe, tem que dar aula de caminho para eles...” A frase dita assim, na sabedoria pueril de Rânia, seis anos de idade, iniciando sua vida escolar, nunca saiu de meu coração. Ela se referia ao fato de eu, como vice-diretora da escola, estar cuidando a saída da gurizada, que ao ouvir o sino – toque de liberdade? - corria da sala ao portão da escola. Aula de caminho, sem dúvida, sempre é muito útil. 
 
Pensar o lugar onde eu vivo, inevitavelmente, atrela meus pensamentos a minha profissão, pois os anos me fizeram colecionar histórias que hoje percebo determinantes para meu modo de ser. Sempre fui professora nesta cidade, são mais de 20 anos neste papel, além dos tantos outros de formação. Do desafio inicial, na Escola da Imaculada, rede particular e de confissão religiosa, à entrada na rede pública, primeiro na rede estadual, Escola Estadual Carlos Chagas, com Ensino Médio, passando pela Escola Estadual Clotilde Batista e por fim, Escola Estadual Canoas, que carrega em si o nome do município e na qual tive a honra de ser também direção, e a posterior entrada na rede Municipal, Escola Municipal Rio Grande do Sul que me oportunizou também o desenvolvimento de diferentes projetos, vivi muitas transformações. 

Da janela da Escola da Imaculada, lá do terceiro andar, eu avistava o canteiro de cores vibrantes, amores-perfeitos que enchiam meus olhos de uma energia lilás e de certa forma, impulsionavam minha ousadia docente. Eu precisava de coragem já que não havia cursado magistério e agora, na graduação, eu me aventurava neste mundo pedagógico. Construí ali saberes muito sólidos, tanto quanto a fé que a escola incentivava. “Deus proverá” é o lema da congregação que a mantém. Depois, na rede estadual, as conhecidas precariedades, oportunizaram percepção de que a criatividade, assim como a flexibilidade são também instrumentos de avaliação. Vi todos os lados do processo: vi a escola no papel de aluna, de mãe, de professora e de direção. 
 
Na Escola Estadual Canoas, intensifiquei sobremaneira o amor pelo trabalho. Ali experimentei a sensação de estar em casa, de ser responsável em muitos outros aspectos. Acompanhei tão de perto algumas histórias que estas se tornaram minhas também. Estarei para sempre naqueles registros, cada vez que alguém se reportar aos fatos do passado. É interessante pensar que a cidade onde eu nasci e para a qual retornei e me desenvolvi profissionalmente está no nome da escola que foi o maior dos desafios profissionais que encarei. Hoje, subindo e descendo as escadas da Escola Municipal Rio Grande do Sul, vendo o movimento intenso do pátio, as tantas formas de partilha de conhecimentos que lançamos, tal como a bola que voa em direção às goleiras ou cestas... tudo lembra que podemos, todos os dias, ter aula de caminho. São estas as aulas mais produtivas. Permitir-se aprender, em cada novo espaço, com as pessoas que vamos conhecendo, é o mistério maravilhoso da vida. O lugar onde eu vivo é recheado de escolas. As que eu amo, as que eu respeito e as que nunca conhecerei. Eu agradeço a vida por ter me permitido, sempre, ver o valor destas escolas. E agradeço a pequena Rânia e a todos os alunos que cruzaram- e ainda cruzarão - a minha vida, já que posso dizer sem nenhum titubeio: eu vivo e trabalho em um lugar cujo nome poderia ser Coração. 
 ( Professora Edileine Carvalho Bisinella)



Hoje 06/07/18 o grupo de professores da EEEF Canoas, reuniram-se para realizar a execução do dia "2 DIA D"   com a finalidade de ...