A arte do Professor Fernando Lima ganha espaço

PODEROSAS TAMPAS DE GARRAFA PET

Quando o professor e artista plástico Fernando Lima, 52 anos, começou a falar sobre os Tamptons, a criançada que visitava a área infantil da 26ª Feira do Livro parou para ouvi-lo. Além de mostrar os bonecos que ele mesmo cria com tampas de garrafa pet, Lima aproveitou para contar a história dos personagens. Por enquanto, o texto ainda não ganhou as páginas de um livro, mas ficou na imaginação de quem passou pelo evento.

– Sempre me senti atraído pelas práticas da arte contemporânea. Decidi, então, utilizá-las em meu trabalho – conta.

Nascido em Porto Alegre, mas morador de Canoas desde criança, Lima diz ter compulsão por guardar objetos do cotidiano, principalmente os que são descartados. Além das tampas, ele coleciona embalagens plásticas, vidros de perfume, caixas de papelão e cascas de ovos. O material é levado para o sua residência no bairro Niterói, onde funciona também seu ateliê.

Um ano depois de ter recolhido as tampas das ruas, em 2004, Lima viu que, empilhadas, elas poderiam ser transformadas em bonecos com “superpoderes”. Uniu as palavras tampa e Jetsons (série animada de televisão produzida pela Hanna-Barbera de 1962 a 1963 e exibida no Brasil, também, de 1985 a 1987) e os batizou de Tamptons.

– Escrevi a história como uma forma de legitimar essas criaturas. Percebi que elas criavam vida após serem montadas e que se comunicavam com as crianças por causa do encantamento que causavam nelas – justifica.

Formado em Letras e pós-graduado em Poéticas Visuais, Lima divide o seu tempo entre as produções artísticas no ateliê e a atuação como professor oficineiro da Escola Estadual de Ensino Fundamental Canoas, no bairro Centro, e na Biblioteca Municipal João Palma da Silva. Nas horas vagas, gosta de frequentar o Capão do Corvo, onde costuma caminhar e buscar inspiração junto à natureza.

(Matéria publicada no suplemento +Canoas, dos Jornais Zero hora e Diário Gaúcho, em 18-06-10)